Condenações impostas por toda a eternidade ao Espírito desorientado
em seus erros e maldades - haverá de fato?
Gravitar
para a unidade divina, eis o fim da Humanidade. E para atingi-lo três coisas
são necessárias: a justiça, o amor, e a ciência. Porém, três coisas lhe são
opostas e contrárias: a ignorância, o ódio e a injustiça. Pois bem! Digo-vos em
verdade, que mentis a estes princípios fundamentais comprometendo a ideia de
Deus, com o lhe exagerardes a severidade. Duplamente a comprometeis deixando
que no Espirito da criatura penetre a suposição de que há nela mais clemência,
mais virtude, mais amor, e verdadeira justiça do que atribuis ao Ser Supremo Criador.
Destruís mesmo a ideia do inferno, tornando-o ridículo e inadmissível às vossas
crenças, como o é aos vossos corações o horrendo espetáculo das execuções, das
fogueiras e das torturas da Idade Média! Pois que! Quando banida se acha para
sempre das legislações humanas a era das cegas represálias, é que esperais
mantê-la no ideal? Oh! Crede-me,
crede-me, irmãos em Deus e em Jesus Cristo, crede-me; ou vos resignais a deixar
que pereçam nas vossas mãos todos os vossos dogmas, de preferência a que se
modifiquem ou, então os vivificai, abrindo-os aos bem fazejos eflúvios que os
Bons Espíritos, neste momento, irradiam sobre vós.
A
ideia dum inferno
com seus “lagos de fogo eterno” pode ser tolerada, isto é, aceitável num século de muito atraso social; porém a partir dos novos tempos, não passa de vão fantasma, próprio
quando muito para amedrontar pessoas ingênuas e em que estas se desenvolvendo um pouco à luz da razão e da justiça com equidade, logo deixam de crer. Se persistirdes nessa mitologia aterradora
engendrareis a incredulidade, base de toda desorganização social.
Homens
de fé racional e viva! Vanguardeiros do dia da luz! Mãos à obra para não manter
fábulas que envelheceram e se desacreditaram; mas, para reavivar, revivificar a
verdadeira sanção penal sob formas condizentes com os vossos costumes, os
sentimentos e as luzes da vossa época.
Quem é,
realmente, o culpado? É aquele que por um desvio, por um falso movimento da
alma se afasta dos objetivos da Criação, que consiste no culto harmonioso do
belo, do bem, e da justiça idealizado pelo arquétipo humano, pelo divino mestre Jesus.
Que é a
penalidade! A consequência natural derivada do falso movimento, que é contrário
ao bem, e que gera certa soma de dores necessária a desgostá-lo da sua
deformidade pela experimentação do sofrimento expiatório. O corretivo é o aguilhão
que estimula a alma pela amargura a se dobrar sobre si mesma, e buscar o porto
de salvação. A expiação só tem por fim a reabilitação, a redenção. Querer eterno essa condenação,
por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão justa de ser.
Oh! Em
verdade vos digo, cessai, cessai de por em paralelo, na sua eternidade, o bem a
essência do Criador; com o mal, essência da criatura. Fora criar uma penalidade
injustificável. Afirmai, ao contrário, o abrandamento gradual dos castigos e
das penas pelas transgressões e consagrareis a unidade divina, tendo unidos o
sentimento e a razão.
Comentários
da questão 1009,
pelo espírito do Apóstolo Paulo, em O Livro
dos Espíritos / Allan Kardec
Voz Q Clama
Intensivo Difusão Espiritualidade Evangélica
– I D E
Voz do Espírito